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sábado, 30 de maio de 2009

Dúvida e vaidade

Envelhecer pode tornar-se um atalho para o cartesianismo. Se se levar a sério a breve consideração de J. M. Coetzee, no seu último Diary of a bad year. Será que os meus joelhos aguentam tal flexão, neste caminho sem bengala? Deixa lá ficar os 50 cents na calçada, que a cidade cresce em desabrigo. E desabrigados.

Pelas fragilidades iniludíveis do corpo se aceita a dúvida. E até a dívida. Já paguei para este Carnaval, minha amiga.No final, só nos resta a alternativa pirrónica.



Hoje acrescento, à ideia do escritor sul-africano, a declaração introdutória da autobiografia de David Hume:

"It is difficult for a man to speak long of himself without vanity".

Tenho-me incomodado nos últimos tempos com o papel erosivo da vaidade. Como educador público, espero não ter deixado a imagem de um grande vaidoso. Engano? O que hei-de fazer?Agora é tarde.
No entanto, reconheço as oportunidades perdidas, na sala de aula, para dissecarmos a quimera que tanto atormentava João Crisóstomo: "Ó vaidade das vaidades..." Já lá vai a primavera ufana em que eu sabia escrever isto em grego.

E agora me calo, para não dar razão ao Hume. Tanto mais que estou a tomar o gosto pela vaidade da blogoesfera .

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