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terça-feira, 26 de maio de 2009

Em obras

No grande supermercado, notas de crise reduzem afluência de consumidores. Pelos corredores, comparam-se cêntimos, e reconsidera-se a premência das necessidades. Não leves, querem determinar os homens. Vais ver que faz falta!, a mulher põe no cesto. De onde vêm estas batatas? Do raio que as parta! De França e Espanha, senhores. Portuguesas? Produtos agrícolas portugueses? Não me faça rir, primeiro tinham de morrer cinco milhões. À fome.
Continuamos à espera que as coisas cheguem, não já no bojo das naus, mas no dos camiões TIR. Se fechassem as fronteiras e gritassem: Quem quer boleta que atrepe!, é que seria! Punha-se para aí todo o pessoal a zaragatear contra o governo. Este e todos os outros, passados ou vindouros, que o paisinho sempre foi mal governado. Benza-nos Deus. Para depois se chegar à triste conclusão. Essa mesma: já nem temos terra para cultivar batatas. A não ser que a UE nos forneça subsídios para desalcatroar as estradas. Foi assim que as vinhas, os olivais e a esperança dos agriculturas foram arrancadas há vinte e cinco anos.
E como nos organizaríamos, de modo a que os tais fundos europeus não fossem desviados?


Vamos pagá-las. Não, aqui na caixa do supermecado.Queixas das meninas: sem clientela, custa mais a passar. Nunca mais chega a hora de almoço! Até os restaurantes fecharam por causa das obras. O tempo....? Esqueça, era uma pergunta de velho. Não, faz sentido... O tempo. Aliás, a Administração está a pensar em fazer promoções de tempo. Assim, 'tá a ver, pacotes de três dias, para serem consumidos em 24 horas. Com desconto no cartão-cliente".




Do centro comercial já gigantesco, só o supermercado está acessível. Tudo o resto, parece ruído, poeira, precário. Ampliar a oferta. Confusão geral para os condutores: onde deixar o carro? Como transportar as compras? Para quê, se já era enorme? cada vez há mais deserdados e centros comerciais, neste país.





Calma. Tudo chegará ao fim: as obras, a crise... A beleza das meninas da caixa. E os deserdados?
Deserdado, você? Sim, amigo. Deserdado das paisagens que neste pais foram engolidas por estradas, centros comerciais, empresas falidas... Para ganhar tempo.

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