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domingo, 20 de dezembro de 2009

A new beginning



"Copenhagen is not a destination but a new beginning

Yang Jiechi
China's Foreign Minister"

Resta-nos este consolo após, treze dias de discussão. Muito pouco. Melhor do que se tratasse de uma cimeira militar, todavia.

Nada está perdido! Desde que todos os responsáveis continuem a ser confrontados, nos seus próprios países, com exigências cívicas das ruas de Copenhague.






BBC News - China and Indonesia welcome Copenhagen summit deal:

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Fail better

Máxima de Samuel Becket:



“Ever tried? Ever failed? No matter, try again, fail again, fail better.”

Mesmo na velhice, ainda conforta...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tractatus Logico-Philosophicus 7 (English)

Tractatus Logico-Philosophicus 7 (English): "Whereof one cannot speak, thereof one must be silent."

Aqui vai uma chave aforística, para viagens finais.

Como se chama isso?

Silêncio ou o abandono da Filosofia.

"O último aforismo do livro afirma que “daquilo de que não se pode falar, deve-se calar” e, coerente com sua própria recomendação, Wittgenstein abandona a filosofia nesse momento"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

BBC NEWS | Health | Green spaces 'improve health'

A evidência não contribui para melhores soluções urbanísticas? Se isto se tornasse um meio de investir nos serviços nacionais de saúde, talvez houvesse redução nos custos finais.

BBC NEWS Health Green spaces 'improve health'

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

How Do I Invite You to Grow Food?

Agora que nem nos passeios nos resta espaço, vamos tratar da nossa agricultura urbana? Ah, pois, em cima do telhado, ainda há possibilidade de instalar muito solo arável...
Estamos todos passados.


Peak Moment – How Do I Invite You to Grow Food?

domingo, 11 de outubro de 2009

A paz de Obama

Fiquei perplexo. Por que não há-de o Nobel ser entregue a Obama, ainda que presidente daquela máquina de guerra? Se isto resultasse e comprometesse os premiados, era uma excelente medida. "Tomem lá, agora portem-se com juizinho!" E os falcões viravam pombas.
No passado não resultou. Daí que laureados se reafirmaram belicistas, como quem assobia para o lado. Percorram a lista e escolham.

E no entanto, Obama é diferente. Eu quero que seja diferente e que o Prémio faça realmente sentido. Para a humanidade. Que desta vez seja a valer. E que amanhã não se tornasse tarde demais.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A casa da Achada

Eduarda Dionísio faz prodígios, na Casa da Achada, a pretexto de celebrar o património cultural dos seus progenitores. Hoje sentou à mesma mesa octogenários, companheiros de Mário Dionísio, e com eles concitou memórias de afectos e resistências. Memórias de cidadãos-artistas. A cegueira, a surdez, a debilidade muscular não obstaram. Vieram dizer dos sonhos havidos nos tempos do fascismo e dos desencontros que a democracia, depois lhes reservou. Fiéis à Amizade.

sábado, 26 de setembro de 2009

Ocupação: arrumador





Como só escrevo às vezes, para mim, sem determinação, não ocupo espaço. Nas bibliotecas.
Nesta, na encosta da Mouraria, retomo, entretanto, com grande prazer, os hábitos de arrumador, que acrescentaram algum sentido, durante 17 anos, à minha principal actividade profissional. Tal como antes, espero que ninguém me tome por um sovina guardião de livros, ciumento dos entusiastas da leitura.
Quanto tempo me restará para ler, depois de arrumar este fundo? Os dividendos dessa leitura e do convívio com os leitores serão os meus "trocados" de arrumador. Com que vou adquirir a minha dose diária de bibliodependente. O tal vício ainda impune, de que fala Michel Crépu, em complemento do silêncio dos livros, de George Steiner. Sobrevivência no absurdo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Camarinheiras do Meco ou conversa de diminutivos Enterneceram-me as camarinhas. Sempre, desde o tempos da Nazaré. Pérolas da duna. Negócio de crianças que as traziam à venda em açafatinhos. Peixeirinhas, sentadas no paredão, ali por entre a colónia balnear e a fila de triciclos de O Melhor Gelado Ribatejano. Camilo Gomes e Emília Mecheira assinavam a receita de fabrico. Entre as duas gulodices, eu preferia os dois tostões de camarinhas, servidas num caquinho para a palma das minhas mãos. O rebordo do fundo da tigela , que escorregara da mão sem querer. Tal era a fome de quem lambiscava o derradeiro humor da sopa. Senti-me conciliado com um Setembro antigo, quando redescobri as camarinhas, com as minhas netas, nas dunas do Meco. Ensinei-lhes como se colhiam e saboreavam. Dei graças de ateu, pelo facto de ainda estarem lá. Lá! Observem a foto. Podia ser qualquer duna entre a Galiza o Guadiana. É sobretudo um sítio diverso do meu pesadelo : alguém mandou betonar toda a faixa litoral portuguesa. Por via, para via, dos automóveis, sim senhor. E da segurança dos votantes, aspas-aspas. Sim, a Marta é canhota, habilmente. A Sofia? foi retirada da imagem. O foco são as camarinhas. E a memória das coisas desvalidas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

SETENTA ANOS DEPOIS
  1. Aos poucos vai a Europa diluindo as arrogâncias e humilhações que determinaram a mortandade da Segunda Guerra. Nestes últimos vinte anos, temos feito alguns progressos pro-dignidade, embora os arsenais não se esvaziem e os guerristas proliferem. Como se o tempo nada tivesse ensinado à cada vez mais ameaçada espécie humana. A tal que a salvar-se ou extinguir-se, depende dos tratos que continua a infligir ao Mundo.



    Nascido em 44, convivi ainda com meses de guerra viva e tive consciência, por terceiros, da miséria a que poderíamos ter chegado. Até ir para a escola primária, tremia de pavor, antes de adormecer, com a figura do que quer que se chamasse guerra. E na minha família ainda sobejava, pouco embora, na arca, talha e salgadeira.

    À saída do ensino primário, já me haviam afeiçoado a ideia de justiça pela guerra, embora nunca me tenham explicado como. A história gloriosa penetrava-me a fantasia infantil. Passei ao lado de beligerâncias, sem ter compreendido bem porquê. Assisti ao rompimento de impérios, sempre na convicção de que no dia seguinte haveria uma iluminação de consciências redutora de todos os conflitos. Mantenho a ideia de que a humanidade poderia organizar-se sem exércitos nem milícias.

    Setenta anos depois. Meus pais haviam casado em Junho, pelo S. Pedro. Na geração dos meus avós fora-se ou não às trincheiras. A mortandade de Espanha nas conversas de namoro. A invasão da Polónia dois meses depois.

domingo, 30 de agosto de 2009

Estáticas ou dinâmicas?

São as impressões digitais a simples figuração de uma espiral? Ou apenas um registo unissuperficial?
E o que têm as ditas a ver com a cantiga do grilos? Em noites de torvelinho.
A verdade das justiças


Quem foi mais ousado? Qual dos dois merece mais tolerância? Se é que estas coisas possam, ainda que parcialmente, ser toleradas. Para que serve e como funciona a Justiça? Britânica ou de algures?

Dois crimes. Um, dos meus tempos de rapaz e que tanto gozo me deu. Teria então bebido uma cervejeca com o autor do assalto ao "correio" inglês. O mesmo que, curtida a pena de décadas, hoje se insurge contra a libertação de Megrahi, o Líbio. Em dissonãncia com Mandela, apoiante da decisão tomada pelos Escoceses. Tomada por quem ? São cada vez mais obscuras as razões e autorias deste presente enviado ao coronel Kadhafi.

O outro, é inqualificável. Que se brinque com o dinheiro do Estado ou dos contribuintes, vá lá, desde que se aplique a medida grossa às espertezas dos Madoffs. Ou dos suspeitos cá da nossa terra. Centenas de vidas humanas por uma ideia ou uma parcela de fé, nunca. É isto que nos humilha como espécie, sem redenção no Progresso.

Interrogo-me. Quantas vezes a justiça se enganou? E ainda: o que leva o Líbio, em fase terminal, a reclamar inocência, e reinvestigação do crime? Será tudo isto uma farsa? Ou a verdade será fulminada pelo cancro da próstata? A verdade terminal.

domingo, 23 de agosto de 2009

Um clube de Fidalgos

Nem sempre compro o mesmo jornal ao domingo . Passo por entre os conversadores habituais do Quiosque. Com licença! Puxo o... Estará completo?
Para veres as mamas? Desculpe? Pensei que estava a falar aqui com este amigo. Estaria. Encolhi os ombros, não faz mal e entreguei a nota. Para pagar o Correio da Manhã... Ainda olhei para o lado, caso fosse necessário prestar algum esclarecimento sobre os motivos que me levavam a pedir esta folha. Já ninguém dava por mim.

Retomavam a refrega. Aquele treinador está de rastos é o qu'eu vos digo! Não seria o treinador, antes a falta de chutadores. Ou as perseguições da arbitragem... Diziam outros. A Direcção quer fazer ovos sem omeletes. Ò contrário, pá. Pois, omeletes sem os ditos.

E um senhor em silêncio. Um senhor entenda-se, não a gentinha usada e suada que passa o dia no paleio seboso com o dono do Quiosque. Intervala com meias taças de tintòbranco , isto é, mais corda à língua. Alto, desempenado para a idade, domingueiro de bom corte. Drama. Elegeu-me para lhe escutar o desabafo: E pensar que aquele clube foi fundado por fidalgos. Sublinhou, Sim, fidalgos portugueses. É um descalabro. Só visto.
Lá isso.... Calei-me, nada petisco de futebol. E sobretudo cheguei a uma quartel da vida em que já não me posso ouvir falar por falar. Embora me tenha apetecido replicar: E o nosso Portugalzinho, também não foi fundado por um fidalgo? E veja-se lá como a coisa vai. Ponto final.

Tu já vist' isto? Topas este velhadas, sim o gajo é da nossa idade? Os do futebol regalavam-se com a foto da capa do suplemento, que ficara a descoberto ao retirar o meu jornal.

António Lobo Antunes de lábios colados a uma jovem
de trinta de trinta anos. Paixão de aeroporto.

sábado, 22 de agosto de 2009


A despedida do texugo
Santarém. Hospital. Cumprir uma obrigação, em nome da vida. Despedir-se de um parente. Conter lágrimas e remexer memórias, sem revoltas nem comiseração. Declinar que no tempo da infância, quando o mundo era verde... E ouvir que sim senhor, lá iremos um dia descobrir onde se escondeu o texugo.

Apesar de encurralado, o bicharengo escapulira-se pelas dezenas de galerias da encosta, amoitara-se no Casal de D. Jorge ou driblara para os coutos de vale Lobos e Comenda. Onde a perseguição era mais selectiva. Para, na noite seguinte, voltar a mofar de quem trabalha, rilhando as maçarocas do milheiral, nas chãs do Cervato. Décadas antes de toda aquela vista ter sido viadutada pela fúria da A1.

Naturalmente que se evitou falar da A1, má vizinha. Quem se livra de um mau vizinho?, perguntava ele, furioso e já derrotado, nesse antigamente. Até que se conformou com a passagem da autoestrada. Foi uma facada no olhar, quase lhe levou o herdado poiso da família e gados. À beira da cama de um moribundo evitam-se charlas sofridas. Sobretudo cala-se a evidência . As estradas nunca nos devolvem idênticos.

Todavia, atrevemo-nos a umas gargalhadas, na certeza de que o texugo, que se nos escapou há quase um moio de anos, ainda se há-de vir despedir do velho. Ofegante, compromete-se. É só por um afago nas listas do lombo, já não lhe quer arrancar a pele. Longe vai a vaidade das golas de samarra. Pois sendo assim, "Ele volta!", concedemos com a voz embargada. Pela máscara de oxigénio do doente e pela nossa contagiante emoção . Há-de voltar. Breve.

Está na hora. Despejo das visitas, exige o pessoal médico. Nem forças já lhe restam para abraçar. Só que ninguém lhe tira da ideia que o bicho acaba por tornar. Confirmem-lhe mais uma vez. Além, na encosta do Monte, por entre as oliveiras que ainda se oferecem às janelas do hospital. Quem sabe?

Então não te deixes adormecer, velhote. Ou melhor, dorme porque estas coisas acabam por ser sempre verdades de sonho.
Nota: este mesmo texugo também há-de ter a ver com a loucura final do meu amigo Rebelana. A seu tempo falaremos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A receita da avó Mariana


Como última homenagem à Avó, a nossa M. pôs no Flickr uma receita de doçaria. Caligrafia azul, esforçado equilíbrio entre linhas de caderno escolar. Os precisos do bolinho. Gotas, gramas, colheres, chávenas, truques na mistura e levedação. Mais os tempos de forno.

Então não é que me deu para ler nesta lição da Avó toda a obra de um qualquer grande filósofo. Porque estes ousam partilhar a receita da vida, depois de lhe estimar os ingredientes?
Não. Apenas pela última frase da folhinha :"Ispero que me compreendas."

E saboreies os dias, arescentei eu. Bem vistas as coisas, isto não tem grande saber, não é, Avó?

domingo, 16 de agosto de 2009



ABATE

Depois da visita ao quintal da Vizinha, como vou eu explicar à Marta e Sofia que estes bichos estão aqui para um fim tão repugnante?
Ainda se oferecem frutos de verão neste dédalo de cimento e alcatrão

 No regresso de uma exposição de Henri Fantin-Latour, na Gulbenkian. 

Um dia falaste-me da sombra daquela faca, Marilisa. Desequilibrando-se da mesa.
 "A sombra vale todo o quadro!", era a tua etiqueta.

E aqui? Foi a faca que rasgou desejos, naquele figuinho pingo-de-mel? Ou foi a roda-livre da memória? De uma tarde, em 2009.

É que a foto estava afogada neste baú...
 Recordo as árvores, a tranquila colheita dos frutos mas varreu-se-me a sombra da mão que os colheu, os pós ao meu alcance...
Quem me afagou então os sentidos?

2009-2022.








sábado, 15 de agosto de 2009

Marta em Sintra. Segunda jornada
E onde está o doutor? Pergunta Marta, no princípio dos seus três anos. E porque não tem pernas nem braços? É um retrato sem pernas nem braços, tento convencê-la. Um retrato, Avô? Bem Marta, isto chama-se mesmo uma estátua. Uma estátua. Para quê?
Foi a maneira de algumas pessoas de Sintra dizerem que gostavam muito deste médico. Do Dr Simplício. Passemos a uma observação mais pormenorizada: a bata, o estetoscópio...
Sabe a Marta que o médico põe aquilo nos ouvidos para fazer frio no peito das crianças. Só não compreende que a bata seja castanha, do metal, e não branca.
Vira-se e anuncia: Olha outra, Avô! Tantas.
São duas e vizinhas. Ah pois, aquela é de outro médico. Era o Dr. Cambournac
Insiste. E onde estão os doutores? Já sei, estão no hospital, a trabalhar, não é, Avô? Vacilo. Talvez... Será já o momento de desferir? Estão no cemitério, a descansar.
Retoma de Marta. Porquê?
Como se explica a uma criança desta idade que um busto, mesmo se sobrevive à cidade é uma perfeita perda de tempo?
Valeu-me o frasco comprado ali numa loja de chineses. Sentados ao lado da primeira estátua, soprando à vez, parecíamos querer encher a Estefânea de bolinhas. Quem passava ria connosco.
Serão as estátuas menos efémeras do que as bolinhas de sabão?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Lua há 40 anos

Querem mesmo que vos diga que me emociono muito mais hoje, com esta proeza da humanidade, do que naquele Verão de 69? Tinha andado por aí uma esperança a esvair-se, todos a concluir que a Liberdade não estava ainda a caminho. A tropa à porta, o caminho da guerrra colonial, a insegurança de quem tem uma família a crescer e um salário incerto.

Mesmo assim, lá rabisquei duas tretas de confiança, num caderno que me havia de acompanhar, no Outono, pelas colinas de Mafra. Se os cosmonautas desciam num Mar de Tranquilidade, para breve estaria a utópica paz e abundãncia por esses continentes terrestres. E foi o que se viu.

Que dizer quando o meu filho André, ainda não nascido naquele Julho, bloga pela efeméride?
Falta prosseguir a viagem pelo Mar da Dignidade.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Lisboa Vegetal




Há uma cidade vegetal. Queiram ou não os patos-bravos e os clientes diários dos "graxas" do Rossio. Confunde-se com os brancos e o céu. Antecipa crescentesde lua-vaga, se prestares atenção. Um palavroso sem tarilhos sobe-e-desce as escadinhas de S. Cristóvão, a mastigar uma ladainha à sua última namorada: O Jacarandá

Em Lisboa
maio junho
em Lisboa
tu verás
jacarandar
em azul
os jacarandás
do Sul.

sábado, 30 de maio de 2009

Dúvida e vaidade

Envelhecer pode tornar-se um atalho para o cartesianismo. Se se levar a sério a breve consideração de J. M. Coetzee, no seu último Diary of a bad year. Será que os meus joelhos aguentam tal flexão, neste caminho sem bengala? Deixa lá ficar os 50 cents na calçada, que a cidade cresce em desabrigo. E desabrigados.

Pelas fragilidades iniludíveis do corpo se aceita a dúvida. E até a dívida. Já paguei para este Carnaval, minha amiga.No final, só nos resta a alternativa pirrónica.



Hoje acrescento, à ideia do escritor sul-africano, a declaração introdutória da autobiografia de David Hume:

"It is difficult for a man to speak long of himself without vanity".

Tenho-me incomodado nos últimos tempos com o papel erosivo da vaidade. Como educador público, espero não ter deixado a imagem de um grande vaidoso. Engano? O que hei-de fazer?Agora é tarde.
No entanto, reconheço as oportunidades perdidas, na sala de aula, para dissecarmos a quimera que tanto atormentava João Crisóstomo: "Ó vaidade das vaidades..." Já lá vai a primavera ufana em que eu sabia escrever isto em grego.

E agora me calo, para não dar razão ao Hume. Tanto mais que estou a tomar o gosto pela vaidade da blogoesfera .

terça-feira, 26 de maio de 2009

Em obras

No grande supermercado, notas de crise reduzem afluência de consumidores. Pelos corredores, comparam-se cêntimos, e reconsidera-se a premência das necessidades. Não leves, querem determinar os homens. Vais ver que faz falta!, a mulher põe no cesto. De onde vêm estas batatas? Do raio que as parta! De França e Espanha, senhores. Portuguesas? Produtos agrícolas portugueses? Não me faça rir, primeiro tinham de morrer cinco milhões. À fome.
Continuamos à espera que as coisas cheguem, não já no bojo das naus, mas no dos camiões TIR. Se fechassem as fronteiras e gritassem: Quem quer boleta que atrepe!, é que seria! Punha-se para aí todo o pessoal a zaragatear contra o governo. Este e todos os outros, passados ou vindouros, que o paisinho sempre foi mal governado. Benza-nos Deus. Para depois se chegar à triste conclusão. Essa mesma: já nem temos terra para cultivar batatas. A não ser que a UE nos forneça subsídios para desalcatroar as estradas. Foi assim que as vinhas, os olivais e a esperança dos agriculturas foram arrancadas há vinte e cinco anos.
E como nos organizaríamos, de modo a que os tais fundos europeus não fossem desviados?


Vamos pagá-las. Não, aqui na caixa do supermecado.Queixas das meninas: sem clientela, custa mais a passar. Nunca mais chega a hora de almoço! Até os restaurantes fecharam por causa das obras. O tempo....? Esqueça, era uma pergunta de velho. Não, faz sentido... O tempo. Aliás, a Administração está a pensar em fazer promoções de tempo. Assim, 'tá a ver, pacotes de três dias, para serem consumidos em 24 horas. Com desconto no cartão-cliente".




Do centro comercial já gigantesco, só o supermercado está acessível. Tudo o resto, parece ruído, poeira, precário. Ampliar a oferta. Confusão geral para os condutores: onde deixar o carro? Como transportar as compras? Para quê, se já era enorme? cada vez há mais deserdados e centros comerciais, neste país.





Calma. Tudo chegará ao fim: as obras, a crise... A beleza das meninas da caixa. E os deserdados?
Deserdado, você? Sim, amigo. Deserdado das paisagens que neste pais foram engolidas por estradas, centros comerciais, empresas falidas... Para ganhar tempo.

domingo, 24 de maio de 2009

Aniversário de Sofia

A alegria das crianças, nas festas dos seus primeiros aniversários, é a mais pura ilusão de nos libertarmos do absurdo. Em nome da vida, só me resta estar atento e servir a alegria das minhas netas. Resistindo contra a usura dos valores a que chamámos "dignidade".

sábado, 23 de maio de 2009

Última, repito eu, tentativa.