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domingo, 10 de março de 2013

Outra vez o império da loucura?

Juncker: «Os demónios de uma guerra europeia estão apenas a dormir»

Não é a primeira vez que nos chegam estas más novas da nossa Europa. Será que a estupidez ultrapassou novamente a razão?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Criar é resistir, resistir é criar

Criar é resistir, resistir é criar


Quem me diz que tenho forças para ir à manif de sábado  2  de Março? Talvez o respeito pelas lições do senhor Stéphane Hessel me empurre do meu comodismo, na esperança de ali encontrar a força criadora dos jovens.
http://www.liberation.fr/societe/2013/02/27/stephane-hessel-est-mort_884958

domingo, 30 de dezembro de 2012

Esquece, pá!

Curta e inconsistente foi a conversa com o Domingos. Não mostrou a mínima satisfação, por lhe ter ligado, a desejar um Bom Ano, antes parecia aguardar o fim da chamada.
Queixou-se de velhice e desesperança, mais a crise, o roubo nas pensões de reforma. Mais as artroses, o mau funcionamento geral do serviço de saúde, e de todas as   vísceras...Ai! Ai! Ai!

Vamos encontrar um tema de conversa nas rapaziadas de outros tempos? arriscava eu. Balde de água fria: não se lembra,   nem se quer lembrar, de tais antanhos!
-Ó Felício, não contem com a minha memória para nada. Só nevoeiro...

Sabia lá com se chamava o cabreiro! O cabreiro? Que eu perdia tempo com cada coisa. Um cabreiro dos Santos?! Quase há sessenta anos?
-Na sê, pá!
Um que, a Vale de Lobos, atalhava com o rebanho, pela Besteira. A caminho da feira. Paragem obrigatória na nossa taberna.  Franqueava o farnel pelos presentes: bom queijo, puxando à pinga. Não nos coibíamos  de  avançar com o pão, para promover a venda de uns tintos.   E ainda levar o cabreiro a alargar a boca do saco...
-' tá lá?
- 'tou, sim, Felício! Só que se me varreu tudo...Tem dó de mim, não insistas.

Talvez um pormenor te abra a cortina. O teu irmão Rebelana, saboreado o queijo, pedia para se servir dos tetos das cabras. Escolhia-as pela limpeza e volume do amojo, deitava-se no chão, de boca aberta, para sorver o esguicho.  Até fartar. Gabava-se de saber ordenhar todas as fêmeas, mesmo as que muito longe ainda estivessem do aleitamento.
 - Pois. O meu irmão que Deus tem era de apetites...Tinha sempre a goela seca, vinho, aguardente,vinagre, tudo escorria.... Já lá está há vinte anos… Mas olha que até isso se me passou. Cabeça a minha!

A mulher convenceu-o a ir ao médico, pedir medicamentos para a memória. Umas cápsulas... Dinheiro deitado á rua, desistiu. Ao menos poupem-se uns euros.

E das sombras da Guiné, já se teria curado? Pântano atroz, prefiro não  tocar no assunto.

-Cabeça oca, Felício. Não te zangues comigo. Olha: Bom Ano também para ti e família.

E para mim: haverá por aí comprimidos que me curem?
- Esquece, pá - recomenda o Domingos.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Paixão grisalha



Aquele francês levou-me a palma, na tabacaria do hotel. Em Marraquexe.
 Na véspera, tinha perguntado à empregada se me arranjava um livro de Tahar  Ben Jelloun. Que voltasse na manhã seguinte. Teria o livro, ser-lhe-ia fácil mandar vi-lo de uma livraria do centro da Cidade. Tomou nota do título.O autor não era muito procurado pelos turistas, ali no hotel. Mas, se não era excessiva curiosidade da sua parte, a que se devia o meu interesse? Sabia eu que as jovens marroquinas devoravam as suas páginas?
Traziam-lhes a ideia de libertação. Da falocracia de pais, irmãos, maridos, namorados... mas também, da repressão uterina de mães e avós, que não é flor do Jardim das Delícias!
 «Sonham com um companheiro que as ame, deixando-lhes intocável a dignidade que Monsieur Ben Jalloun insufla nas suas personagens femininas. Sabe, só agora a maioria das nossas meninas começa a reclamar  amor para o casamento.»
Muito me ensinava a empregada da tabacaria. Em Portugal, sim sou português, o vizinho do norte, já tudo tinha mudado, neste domínio. As mulheres, no salto de uma geração, ficaram senhoras de si. A virgindade, por exemplo, deixara de ser aquela obsessão... E a rapariga da tabacaria contou-me das mães marroquinas a ter de garantir aos pretendentes genros que o corpo das filhas se mantém igualzinho ao caroço da tâmara... Sorrimos.
E mais não diria eu à jovem da tabacaria, embora não me faltasse vontade, atendendo ao sugestivo esconde-esconde da sua djalaba... Sentiria ela o calor da manhã, por baixo daquela leve drapagem de seda branca?

         Não  lhe explicara ainda o motivo da minha preferência pelo livro do escritor marroquino. Havia pouco a dizer. Apenas lera um artigo dele, num Courier da UNESCO. Precisamente, num número especial, sobre o Amor. Ela também lera. A revista vendia-se na tabacaria. A outra razão, foi ter tido um falso encontro com o livro, numa livraria em Paris. O título seduzira-me do fundo de uma montra. Mas era domingo, a loja estava fechada, e eu tinha mais em que pensar. Bem vistas as coisas, já lá iam dois anos. O livro perdera a novidade. «Ah! mas não se esqueceu mais do título?...» Que bonitos olhos berberes!

         Na manhã seguinte, antes de abandonar o hotel, para o meu circuito turístico de Marraquexe, parei na tabacaria. No entanto, a empregada, agora de coleantes jeans e fresquíssimo top, decepcionou-me. Não pela graciosidade, confirmada pela toilete alternativa, mas por ter vendido o livro a um senhor francês. A um francês?! Não me diga que nos confundiu? De modo nenhum. Se alguma coisa tinha em comum eram os cabelos brancos. Queria ela dizer grisalhos, eu que desculpasse. Por ter ficado sem o livro prometido? Não, por ela ter falado em cabelos brancos. Ora!...

         Fora por um maço de Gauloises, o Francês, topara o livro em cima do balcão, folheara, encantara-se com duas ou três passagens... Em resumo, quase exigira que lho vendesse. Queria voltar ao quarto do hotel, despertar a companheira com a leitura de algumas frases apaixonadas. Então, e só por isso, você deixou ir o livro? É que ele confidenciou estar em verdadeira lua-de-mel, que a sua copine é jovem, sonhadora... Completei para comigo: E o gajo já não tem paleio... Au  revoir, M’moiselle!

         Meia hora depois, encontrei um cinquentão derretido com uma pré-balzaquiana, no hall do hotel. Saboreavam, tête-à tête,  o ‘meu livro’.  Lá estava o título a tentar-me outra vez, como na montra da livraria parisiense. A leitora não era de menor tentação. Ombros esplendorosos. Que inveja não devia fazer à maioria das embiocadas marroquinas.
        
         Praça Jemaa el Fna, duas horas mais tarde. Com toda a sua magia. Mesmo que ficasse aqui o resto dos meus dias, nunca alcançaria o tesouro cultural destas gentes. Deixa lá  os japones gastar quilómetros de filme, desfruta com os sentidos. Contadores de histórias rodeados de garotos, que lhes puxam pela língua; actores de teatro popular, exibidores de cobras e macacos, aguadeiros policromos e estridentes, vendedores de tudo e de nada...

De repente, o calígrafo de escrita voadora. Com seus frascos de henê... Algumas jovens turistas deixavam-se tatuar na fronte, nas mãos... Como as mulheres berberes. Mensagens de desejo, anúncio de coração livre... Aquilo passa, a tinta sai, ao fim de três dias, explicou-me um dos muitos circunstantes, sem parar de mastigar um pau de alcaçuz. E de enxofrar o olho para as clientes do calígrafo. A tinta sai!

Espera aí, mas... aquele é o Francês mais a estátua semovente, que  andam a excitar-se  com o ‘meu livro’...

         Exacto. A jovem também pretendia oferecer-se ao afago do calígrafo. Delirante, sentou-se no banco, à frente do artista. Parece que tinham  combinado lavrar, a henê, uma mensagem, na sua pele apetecível. Ela oferecia o ombro, imóvel, cheia de sol. Redobraram os olhares lazarentos dos machos marroquinos, apertando o círculo.
O artista e o companheiro da jovem procuravam qualquer coisa no livro. No meu livro! Ia o calígrafo copiar palavras de Ben Jelloun?  Evidente. Trato feito, cálamo em voo tangente. Aproximei-me para ler.
Querias! Um dístico em caracteres árabes torneava o ombro da jovem. O que estaria ali escrito? Traduziu-me o mastigador de alcaçuz: … est toujours le dernier.

 Do título do livro de Tahar Ben Jelloun: Le premier amour est toujours le dernier. O livro que eu não conseguira comprar em Paris.
 Andei o resto do dia, em Marraquexe, a ironizar sobre a paixão grisalha do Francês. Depois, apaguei o episódio, durante mais alguns anos... A tinta sai!



 Sem procurar, encontrei, ontem, o livro de Ben Jelloun, na Fnac do Chiado. Afinal era de contos, e não poesia como eu julgava. Agora ou nunca. Antes de me dirigir à caixa, reparei, não estivessem ali o Francês e a sua tatuada copine...
         Comprado! Leio e releio: Le premier amour est toujours le dernier... Et le dernier est toujours rêvé...E último é uma sonho, uma sombra, do primeiro. diria eu.
        
                            Sintra, Novembro de 2000


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mo Yan Nobel da Literatura

De momento, mais não sei sobre o Nobel da Literatura. E ciência recente, reconheço humilde. Tenho, terei mesmo?, um ano para mais aprender sobre MO YAN. Aqui me fica também a minha homenagem ao anterior Nobel, Tomas Tranströmer, a quem voltarei  sempre,com muito gosto. JB



El camino que he elegido para acercarme a un pais, a una cultura… para aprender y comprender su historia, sus porques es la  literatura. Y en mi camino hacia China me he encontrado con este escritor Mo Yan y su novela Las Baladas del ajo… la  crudeza y el  lirismo de esta historia me ha conmovido como hace tiempo no lo hacía ninguna novela.

  Mo Yan 莫言  nació en Shandong, China, el año 1955.  Os dejo su voz

“Mo Yan no es mi verdadero nombre, yo me llamo Guan Moye. Elegí ese apodo, que significa No hables, en recuerdo a los años en los que no podía dirigir la palabra a nadie (…) Eran los tiempos turbulentos de la Revolución Cultural (1966-1976), en los que había conflictos entre la gente de mi pueblo todos los días. Mi padre era agricultor, pero mi familia tenía una posición desahogada, y tenía miedo de que dijera algo inconveniente y trajera la desgracia a los míos. Así que me dijo que no hablara y que aparentara ser mudo”.

 ”Mis recuerdos están repletos de soledad y hambre. La década de 1960 fue muy difícil en China. Pasaba todo el día en el campo cuidando de las vacas y las ovejas, mientras los chicos de mi edad estudiaban y jugaban en el colegio. Había veces que no veía a nadie en todo el día”.

Cuando tenía 18 años, el joven Mo entró a trabajar en una fábrica. La mitad del tiempo era obrero, y la otra mitad, campesino. Hasta que, en 1976, intentó entrar en el Ejército. “Era la mejor forma de tener una buena vida. Pero había un límite de edad, así que mi familia cambió mi fecha de nacimiento, y puso un año menos. Entonces, hacer esto era muy fácil, ya que no tenía partida de nacimiento. Por eso alguna gente piensa que nací en 1956″.

Un campesinado empobrecido hasta la miseria y sumido en la ignorancia, en la brutalidad es maltratado por la rígida burocracia sin misericordia. Fragmento del capítulo donde Gao Yang consigue llegar con su mujer parturienta a un centro de salud… en mitad de la nada en la oscura noche. Hombres y mujeres en fila ante el destartalado edificio  esperan su turno para dar a luz.

UNA DOCTORA  vestida de blanco apareció en la puerta, con las manos protegidas por unos guantes de goma que le llagaban a la altura del codo, por donde resbalaba, principalmente, un reguero de gotas de sangre. El hombre corrió a su encuentro

-          ¿qué  ha sido doctora?

-          Una niñita

Al escuchar que era padre de una pequeña, el hombre se tambaleó un par de veces hasta caer de espaldas, golpeándose ruidosamente la cabeza contra las baldosas, que dio la sensación de romper.

-          ¿qué problema hay? – comentó la doctora.-  Los tiempos han cambiado y las niñas son iguales que los niños. ¿De dónde proceden los hombres si no es de las  mujeres?¿O es que salen de debajo de una piedra?

Lentamente, el hombre se puso de pie, como si estuviera en trance. A continuación, comenzó a gemir y a sollozar, como si estuviera loco, y acentuaba sus llantos con gritos de reproche:

-          ¡Zhou Jinhua, maldita mujer inútil, mi vida se ha arruinado por tu culpa!.

Sus gritos se unieron a los sonidos del llanto que se escuchaba en el interior: Gao Yang pensó que se trataba de Zhou Jinhua. La ausencia de llanto del bebé le desconcertó. Jinhua no habría sido capaz de ahogar a su propio bebé ¿Verdad?

-          Entra ahora mismo – ordenó la doctora – y ocúpese de su esposa y de su hijo. Hay más personas esperando

El hombre se puso torpemente  de pie y se arrastró hacia el interior. Unos minutos después salió con un fardo en la mano

-          Doctora – dijo mientras se detuvo en el umbral de la puerta – ¿conoce a alguien a quien le gustaría tener a una niña? ¿Podría ayudarnos a encontrarle un hogar?

-           ¿Pero es que en vez de corazón tiene una piedra? – preguntó enojada la doctora – Llévese a su hija y trátela bien. Cuando cumpla los dieciocho años puede conseguir al menos diez mil por ella.

sábado, 15 de setembro de 2012

Todos na rua!

Será mesmo? Este povo  - velhos e novos, esfomeados, enjoados, indiferentes... -  estará a reapreender o direito de reclamar a verdade e a justiça na rua?
Quem atende estes gritos? Devemos continuar, que isto ainda é muito pouco para demonstrar a nossa razão.
Cuidado, senhores do capital. Pode ser que os equilíbrios  se alterem. A partir da rua. Se todos acordarem.

domingo, 2 de setembro de 2012

Os Rosenberg nos Arneiros de Santa Catarina



Sofreados por algemas, beijam-se à saída do tribunal. Pela última vez. Entretanto, a milhares de quilómetros, Pablo Picasso procurará ainda libertá-los, numa gravura: Julius e Ethel, sorrindo. Em vão.

            Terminaram na cadeira eléctrica, em 19 de Junho de 1953. Sexta-feira. “It had to be!”, tinha dito Julius, quando, dois anos antes, os juízes os encarceraram em Sing Sing.

O caso emocionou o mundo. Chegou-lhe aos ouvidos, tinha ele nove anos.

Chama-me a atenção para o magazine do Público, de um domingo de Agosto: “Fotos do Século XX”: “A despedida dos Rosenberg”. Mais disse, andara a pesquisar na Net: Um caso de amor, espionagem, falsidade e traição.

Ainda hoje, os filhos do casal, naquele tempo com seis e dez anos, pugnam pela inocência dos pais. Traidores? Não! Vítimas da cegueira ideológica e de amizades apodrecidas.

            Enquistou-se-lhe na memória. Cruel enigma, trazido dos jornais pelo tio Jaime. Compreendera que um homem e uma mulher iriam ser mortos, numa cadeira eléctrica, mas a razão não lhe foi explicada. Eram comunistas? E espiões? Segredavam aquelas palavras, à mistura com inquietas alusões à guerra na Coreia... Onde era a Coreia? O que era uma cadeira eléctrica? «Não são coisas para a tua idade, menino.» Com um olhar doloroso, a mãe excluía-o da cumplicidade dos adultos.

Saiu de casa e subiu ao Cabeço, para pedir explicações sobre os Rosenberg ao vizinho Fernando Palã. 
Ele havia de saber. Marçano na Cidade, parava a puxar fumaças do maço High life, à porta do Café Central... Tinha uma galena. E, como ia todos os sábados ao cinema, nunca lhe faltavam coisas interessantes para contar. Além disso, aquele vizinho gostava dele, prestava-lhe atenção
Fernando Palã confirmou-lhe as palavras do tio. Acrescentando que os condenados levavam vários segundos a morrer. Segundos que pareciam anos...

Cada vez mais calado e arredio, decidiu pôr-se a rezar pelo perdão dos Rosenberg. Deus ajudaria.

Não tardou que a professora estranhasse o comportamento. Seguia-o à hora do recreio, tentando decifrar as razões da apoquentação. Nada de zangas familiares, nem com os colegas da escola? …
 - Então, vá, diz!
- Senhora, não quero que lhes façam aquilo…- e calou.
- A quem?
Silêncio.
 Medo? Nervos? Só podiam ser nervos! Não bebesse café ao pequeno-almoço. «Que café bebo eu, senhora?». Duas gotas, mistura de grão-de-bico e chicória, com que a mãe lhe desenfastiava a gordura do leite nas sopas. Quem alguma vez compreendeu as razões de tanta ansiedade? Ele não!


Uma manhã de domingo, voltou ao Cabeço, à espera de ouvir o vizinho falar sobre o filme da véspera.
 Até ali, quantas vezes tinha ido ao cinema? Uma ou duas.

 Sentou-se à sombra de um sobreiro. Só muito anos depois chegariam os serradores.
Do lado da Quinta dos Anjos, refrescava alguma brisa resinosa. Ouviam-se as rolas no pinhal.

Aproximou-se o vizinho Palã. Não para contar o filme da véspera. Mas…
- Ontem vinha no Diário Popular

A execução dos Rosenberg. Ficou a tremer. Deus teve mais em que pensar!
Acabou-se!

Acabou-se, também, o Cabeço, onde ia espreitar as serranias, as cheias no vale do Tejo

 Assujeitado pela Cidade, o sítio perdeu os aromas do arvoredo, matos, searas. Afastaram os rebanhos, fugiram os pássaros. Partiram as pessoas: velhos e novos. Demoliram-se os poucos casebres de adobe. Até que um dia…
Urbanização! Terraplanagens, novas construções, automóveis, gente apressada, desconhecida. Conflitos por causa de drenagens de esgotos e parqueamento de carros.

Antes da asfaltagem chegar a meio, já o antigo carreiro do Cabeço tinha crisma...

- Desculpem, se não atino com o nome da santinha... Santa Catarina? Talvez, talvez tenha sido isso que escreveram na placa, à entrada da rua. Dantes, diziam os avós, tinha havido por ali uns arneiros de Santa Catarina, também uma ermida, salvo erro. Outro mundo.

Calou-se e perdeu o olhar. Em que margem do Tejo estaria agora? De súbito, concluiu:

- Olha, como dizia Julius: It had to be!  


Deste modo me falou dos Rosenberg.


Sintra, 2003