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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Camarinheiras do Meco ou conversa de diminutivos Enterneceram-me as camarinhas. Sempre, desde o tempos da Nazaré. Pérolas da duna. Negócio de crianças que as traziam à venda em açafatinhos. Peixeirinhas, sentadas no paredão, ali por entre a colónia balnear e a fila de triciclos de O Melhor Gelado Ribatejano. Camilo Gomes e Emília Mecheira assinavam a receita de fabrico. Entre as duas gulodices, eu preferia os dois tostões de camarinhas, servidas num caquinho para a palma das minhas mãos. O rebordo do fundo da tigela , que escorregara da mão sem querer. Tal era a fome de quem lambiscava o derradeiro humor da sopa. Senti-me conciliado com um Setembro antigo, quando redescobri as camarinhas, com as minhas netas, nas dunas do Meco. Ensinei-lhes como se colhiam e saboreavam. Dei graças de ateu, pelo facto de ainda estarem lá. Lá! Observem a foto. Podia ser qualquer duna entre a Galiza o Guadiana. É sobretudo um sítio diverso do meu pesadelo : alguém mandou betonar toda a faixa litoral portuguesa. Por via, para via, dos automóveis, sim senhor. E da segurança dos votantes, aspas-aspas. Sim, a Marta é canhota, habilmente. A Sofia? foi retirada da imagem. O foco são as camarinhas. E a memória das coisas desvalidas.

1 comentário:

  1. A delicadeza a dar sentido à beleza da natureza! Lindo momento de ternura entre avô e netas...e que privilégio sermos testemunhas da preciosidade vista, escrita e vivida! Beijinho

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