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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

SETENTA ANOS DEPOIS
  1. Aos poucos vai a Europa diluindo as arrogâncias e humilhações que determinaram a mortandade da Segunda Guerra. Nestes últimos vinte anos, temos feito alguns progressos pro-dignidade, embora os arsenais não se esvaziem e os guerristas proliferem. Como se o tempo nada tivesse ensinado à cada vez mais ameaçada espécie humana. A tal que a salvar-se ou extinguir-se, depende dos tratos que continua a infligir ao Mundo.



    Nascido em 44, convivi ainda com meses de guerra viva e tive consciência, por terceiros, da miséria a que poderíamos ter chegado. Até ir para a escola primária, tremia de pavor, antes de adormecer, com a figura do que quer que se chamasse guerra. E na minha família ainda sobejava, pouco embora, na arca, talha e salgadeira.

    À saída do ensino primário, já me haviam afeiçoado a ideia de justiça pela guerra, embora nunca me tenham explicado como. A história gloriosa penetrava-me a fantasia infantil. Passei ao lado de beligerâncias, sem ter compreendido bem porquê. Assisti ao rompimento de impérios, sempre na convicção de que no dia seguinte haveria uma iluminação de consciências redutora de todos os conflitos. Mantenho a ideia de que a humanidade poderia organizar-se sem exércitos nem milícias.

    Setenta anos depois. Meus pais haviam casado em Junho, pelo S. Pedro. Na geração dos meus avós fora-se ou não às trincheiras. A mortandade de Espanha nas conversas de namoro. A invasão da Polónia dois meses depois.

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