Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 23 de maio de 2022

BIBLIAMBULE

 Bibliambule 1

A questão:

 Será que os carrinhos-de -compras contam estórias?

 Vejamos...Aceitei o desafio, John! Serei capaz de dar conta do recado? 

Voz ao carrinho!

***

 A madrinha. Foi no Porto que a Gui disse.

Já não seria o Rodas nem Rodinhas... tampouco Charriot ou Camionette! Seria a Bibliambule!

Dos porquês da mudança nada sei.

Gui levara-me no Alfa, carregando  livros.....

***

Até ali, enquanto me usaram na Fraternal da Achada, cumpri em todas as atividades  durante anos. Carregador, na minha indiscutível condição. Carrinho de compras.

"Alombei", como dizia o Maça, com os mais diversos materiais. 

Apoiei nas mais diferentes tarefas. Começando pela instalação no novo espaço da Associação. Usaram-me na arrumação do espólio do Patrono.

Usaram-me na  Biblioteca. Fui prestável ao Coro . Ajudei na  montagem de exposições, nas sessões de Cinema e Teatro, nos debates e palestras...

Desculpem a vaidade de dizer que até entrei  numa das representações. Encenada pela Gui. Como adereço, está claro!

Desloquei trastes e bugigangas, por ocasião das feiras de velharias. Ali mesmo, ao ar-livre, no Largo da Achada.

Trouxe do supermercado viveres para  as confraternizações.

 

Muito se divertia o Angel nos passeios de S Cristóvão  à Baixa... Ele, com uma indumentária de palhaço, umas orelhas de elefante, peitorais e  dorsais...   Incansável painel publicitário  do muito que se fazia e faz na nossa Associação.

 Ouvi falar de Resistência, de Abril em festa, de Abril em Maio... Sem perceber muito  do assunto.

Havia sempre um modo de as minhas rodas e o meu saco ajudarem na construção dos dias. 

Repetidamente, também ouvi por lá da necessidade de construir e dar um novo sentido aos dias. 

***

Foi no Porto, repito, que a Gui, me mostrou uma nova maneira de servir a Fraternal da Achada.

Até o JN nos deu honra de fotografia e desenvolvido artigo. 

Gui desafiava os passantes, nos Aliados, a tirarem um livro do meu saco. Escolhessem, a gosto... 

E agora? 

- Pois agora vamos ler e dar vida ao texto.... 

Era a Gui no seu melhor.   Ler a meias: moitié-moitié ! Dramatizar. Improvisar texto.

Moitié-moitié?! Olha! Só agora me lembrei de dizer que a madrinha pensava em francês. 

Nascida em França, filha de emigrantes portugueses,  radicada em  Bruxelas. Fluenciava nas duas línguas. 

Visitava várias vezes por ano a Achada. Era só sentir a falta dos amigos, logo se punha a caminho. Sempre recebida em festa!

Foi no regresso do Porto. A Gui anunciou aos amigos:

- Vamos ter duas bibliambules!

Eu, que ficaria em reserva na Fraternal…

E uma outra?

A Gui já tinha em vista uma  nova companheira de rua ....  Para continuar os desafios aos transeuntes. Em Bruxelas: 

A Bibliambule 2!! 

Já pedira o risco a um designer seu amigo.

Tal decisão em nada me afetou. Pudesse a minha sucessora ser lá tão prestável, como diziam que eu era aqui.


(Continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário