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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

ESCREVIVÊNCIAS 22


Rosas no arroz-doce

Minúsculas rosas. Plantadas há mais de um século por Justina - sim,  era Justina e não Ernestina. Justina  Direitinho faleceu por volta de 1948. 
Dela guardei uma tranquila fala, um sorriso, as queixas de quem procurava sobreviver, na quase penúria da nossa azinhaga da Besteira. Habitava um casal vizinho daquele onde nasci. Rodeada de fruteiras . Numa pequena casa toucada de roseiras . 
De lá trouxe comigo, há mais de cinquenta anos, estas minúsculas e perfumadas rosinhas brancas. Trouxe e perdi uma frondosa "bela portuguesa". De perfeitos mas efémeros botões.
Poderá perder-se também a roseira de hoje. Quando, não sei.
Um dia, já não muito distante, apagar-se-á  também o aroma do limão. Aquele!

 Verde, ainda em crescimento, apanhei-o sem autorização. E quando a J'tina me surpreendeu disse, ensinando o rapazinho: 
- Agora leve à sua mãe para fazer arroz-doce.
Não levei, escondi a falta. 
Mas o limão ficou. 
E procuro-o,  continuo a procurar, sempre que me dão arroz-doce sem aquele sabor.

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