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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Merendeira

 Bom dia.Estou de novo no Hospital. Exames continuam. Máquinas, intrusões,relatórios  .

Gelo! Em jejum desde ontem.

Vista-se, espere no corredor. Não! Não pode comer. Ainda não.

Gelo!Lá fora há sol, dizem uns maqueiros a empurrar uma inerte criatura.Gelo!

 Esperar  neste conversê sobre maleitas, gelo e fome.

Um médico e enfermeiras confraternizam um cafezinho. Espremido de outra máquina: BREAK Hot drinks...

Só me apetece aquela merendeira quente. A brindeira rasgada em quatro pelos dedos da minha mãe .

Nunca se queimava , mesmo quando dizia Poças! Deus me perdoe.E soprava nas mãos . 

Pão flumegante com aquele risco de azeite . Breve  luz desfiando-se da almontolia, à  boca do forno da minha avó... 

Porquê azeite?! Panaceia,  garante a nossa amiga Marilisa, sem nada topar de medicinas ....

Mas ao que vêm agora estas mulheres ? Não vos quero aqui no gelo deste  Hospital.

À merendeira, sim! Fumegante.  Com um fio de azeite e de sol.

São primos, sabias? Sim, azeite e sol - perguntou -me há muito anos uma pintora fotógrafa.

Espero no corredor que não se repitam os exames. Gelo!

Lisboa, 31 janeiro 2023

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