Bom dia.Estou de novo no Hospital. Exames continuam. Máquinas, intrusões,relatórios .
Gelo! Em jejum desde ontem.
Vista-se, espere no corredor. Não! Não pode comer. Ainda não.
Gelo!Lá fora há sol, dizem uns maqueiros a empurrar uma inerte criatura.Gelo!
Esperar neste conversê sobre maleitas, gelo e fome.
Um médico e enfermeiras confraternizam um cafezinho. Espremido de outra máquina: BREAK Hot drinks...
Só me apetece aquela merendeira quente. A brindeira rasgada em quatro pelos dedos da minha mãe .
Nunca se queimava , mesmo quando dizia Poças! Deus me perdoe.E soprava nas mãos .
Pão flumegante com aquele risco de azeite . Breve luz desfiando-se da almontolia, à boca do forno da minha avó...
Porquê azeite?! Panaceia, garante a nossa amiga Marilisa, sem nada topar de medicinas ....
Mas ao que vêm agora estas mulheres ? Não vos quero aqui no gelo deste Hospital.
À merendeira, sim! Fumegante. Com um fio de azeite e de sol.
São primos, sabias? Sim, azeite e sol - perguntou -me há muito anos uma pintora fotógrafa.
Espero no corredor que não se repitam os exames. Gelo!
Lisboa, 31 janeiro 2023
A merendeira… e depois…
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