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sábado, 15 de agosto de 2009

Marta em Sintra. Segunda jornada
E onde está o doutor? Pergunta Marta, no princípio dos seus três anos. E porque não tem pernas nem braços? É um retrato sem pernas nem braços, tento convencê-la. Um retrato, Avô? Bem Marta, isto chama-se mesmo uma estátua. Uma estátua. Para quê?
Foi a maneira de algumas pessoas de Sintra dizerem que gostavam muito deste médico. Do Dr Simplício. Passemos a uma observação mais pormenorizada: a bata, o estetoscópio...
Sabe a Marta que o médico põe aquilo nos ouvidos para fazer frio no peito das crianças. Só não compreende que a bata seja castanha, do metal, e não branca.
Vira-se e anuncia: Olha outra, Avô! Tantas.
São duas e vizinhas. Ah pois, aquela é de outro médico. Era o Dr. Cambournac
Insiste. E onde estão os doutores? Já sei, estão no hospital, a trabalhar, não é, Avô? Vacilo. Talvez... Será já o momento de desferir? Estão no cemitério, a descansar.
Retoma de Marta. Porquê?
Como se explica a uma criança desta idade que um busto, mesmo se sobrevive à cidade é uma perfeita perda de tempo?
Valeu-me o frasco comprado ali numa loja de chineses. Sentados ao lado da primeira estátua, soprando à vez, parecíamos querer encher a Estefânea de bolinhas. Quem passava ria connosco.
Serão as estátuas menos efémeras do que as bolinhas de sabão?

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