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sábado, 26 de fevereiro de 2022

       ESCREVIVÈNCIAS (2 rie) 

3.  O Pai decidia

Trabazana', dizia a minha mãe. Trabuzana' deixei no título anterior. Avancemos a prestar ajuda .....Chovia se Deus a dava!

 

Ladravam os cães, berravam uns cachopos, ralhava-lhes uma  senhora. Quando a menina da casa espreitou: “Abra por favor!"

Minha mãe não se fez rogada. E toda a tropa fandanga se acolheu no telheiro das carroças, secando-se junto da fogueira, que cozinhava para os porcos. Uf!

Uf! Para os caminhantes e para a menina da casa...

E agora que lhes havia de dizer? Sozinha em casa, tomando conta do irmão que ainda não acordara. Jacinto, não resistiria a umas febres intestinais. Os pais, a avó Perpétua andavam…  Pois à chuva. Tinha de ser!

E ela porque estava tão envergonhada? De olhos no chão. Porque tinha as mãos tão verdes. Verdes? Ah, aquilo não saía, por mais sabão… 

Andara nessa manhã a colher ervilhas no Cerrado. Seis sacas. “Os meus porquinhos!!!”

Os seus?... Assim. Trabalho e brincadeira transfiguravam-se. Cada saca de ervilhas, deitada por terra, parecia mesmo um porquinho. “Venham, requinhos, venham!” Pena que não obedecessem à chamada, para serem carregados na carroça.

- Brinco a trabalhar, brinco com os meus cães

 E raramente com as primas, Floripes, Irene e Lucinda, se a viessem visitar.

Bem, à escola, à escola nunca fora. Mas sabia, ler, contar, pesar… e ver as horas. Tirou do bolso do avental um cebolão de homem.

E não gostaria de ir para a Escola da Portela?

Sorriu pela primeira vez, 

- Senhora, sim!

E aí encarou os estranhos. À escola daquelas meninas e daqueles meninos...

O pai é que decidia! Ou seja:

- O meu Pai é que manda1...

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