ESCREVIVÈNCIAS (2 série)
3. O Pai decidia
Trabazana', dizia a minha mãe. Trabuzana' deixei no título anterior. Avancemos a prestar ajuda .....Chovia se Deus a dava!
Ladravam os cães, berravam uns cachopos, ralhava-lhes uma senhora. Quando a menina da casa espreitou: “Abra por favor!"
Minha mãe não se fez rogada. E toda a tropa fandanga se acolheu no telheiro das carroças, secando-se junto da fogueira, que cozinhava para os porcos. Uf!
Uf! Para os caminhantes e para a menina da casa...
E agora que lhes havia de dizer? Sozinha em casa, tomando conta do irmão que ainda não acordara. Jacinto, não resistiria a umas febres intestinais. Os pais, a avó Perpétua andavam… Pois à chuva. Tinha de ser!
E ela porque estava tão envergonhada? De olhos no chão. Porque tinha as mãos tão verdes. Verdes? Ah, aquilo não saía, por mais sabão…
Andara nessa manhã a colher ervilhas no Cerrado. Seis sacas. “Os meus porquinhos!!!”
Os seus?... Assim. Trabalho e brincadeira transfiguravam-se. Cada saca de ervilhas, deitada por terra, parecia mesmo um porquinho. “Venham, requinhos, venham!” Pena que não obedecessem à chamada, para serem carregados na carroça.
- Brinco a trabalhar, brinco com os meus cães
E raramente com as primas, Floripes, Irene e Lucinda, se a viessem visitar.
Bem, à escola, à escola nunca fora. Mas sabia, ler, contar, pesar… e ver as horas. Tirou do bolso do avental um cebolão de homem.
E não gostaria de ir para a Escola da Portela?
Sorriu pela primeira vez,
- Senhora, sim!
E aí encarou os estranhos. À escola daquelas meninas e daqueles meninos...
O pai é que decidia! Ou seja:
- O meu Pai é que manda1...